Vitamina B9

A vitamina B9, também denominada ácido fólico, é uma das vitaminas hidrossolúvel do complexo B. Uma vez que o organismo possui poucas reservas, é recomendado que esta vitamina seja ingerida diariamente1,2.

O ácido fólico não tem atividade biológica se não for convertido em folatos. O termo “folatos” é utilizado para designar todos os membros da mesma família de compostos nos quais o ácido pteróico se liga a uma molécula de L-glutamato. Assim, as formas encontradas no organismo e na comida são designadas “folatos” enquanto que as formas encontradas nos suplementos e alimentos enriquecidos têm a denominação de “ácido fólico”3.

Durante os anos 70-80, diversos estudos epidemiológicos demonstraram existir uma associação entre os baixos níveis de folatos nas mulheres e o aparecimento de malformações congénitas nos fetos, como por exemplo a espinha bífida . Constatou-se também, que nas mulheres que tomavam suplementos vitamínicos contendo ácido fólico nas seis primeiras semanas de gravidez apresentavam menor incidência desta anomalia nos fetos4.

Na sequência destes e outros estudos desenvolvidos no decorrer dos últimos anos, está preconizada a suplementação com ácido fólico em todas as mulheres que desejam engravidar4.

Vitamina b9
Digestão
Cognitivo
Coraçâo
Energia
Inmunidade
Reproduçâo

Funções no organismo

A vitamina B9 tem várias funções no metabolismo : é necessária para a produção de DNA e tem um papel importante no metabolismo dos aminoácidos (os constituintes das proteínas ). Está também envolvida na síntese dos ácidos nucleicos , bem como na formação de células sanguíneas e de alguns dos constituintes do tecido nervoso. O ácido fólico é essencial para um crescimento normal e para um ótimo funcionamento do sistema nervoso e da medula óssea 3.

Níveis adequados de ácido fólico são ainda importantes para reduzir o risco de anomalias na fase inicial do desenvolvimento embrionário, nomeadamente no cérebro e medula espinal - defeitos do tubo neural 1.

A ingestão de folato contribui para o normal metabolismo da homocisteína , para uma normal função psicológica, para o normal funcionamento do sistema imunitário, e para a redução do cansaço e da fadiga5.

Fontes de vitamina B9

O nome ácido fólico deriva do latim folium que significa folha, uma vez que esta vitamina está presente em grande quantidade nas folhas dos vegetais. Além dos vegetais de folha verde, podemos encontrar ácido fólico nos cogumelos, frutas, carne, fígado, peixe, ovos e laticínios3,6.

Alimento

Conteúdo em vitamina B9 (Ácido fólico)

Carne de frango

1810 µg/100g

Carne de vaca

140–1070 µg/100g

Brócolos

180 µg/100g

Couves de Bruxelas

90-175 µg/100g

Espargos

70–175 µg/100g

Espinafres

50-190 µg/100g

Ovo

70 µg/100g

Queijo

20 µg/100g

Leite

5-12 µg/100g

Fonte: Adaptado de Gerald F. Combs, Jr. The Vitamins Fundamental aspects in nutrition and health. Third edition. Elsevier AP. 20087

Estabilidade

A vitamina B9 demonstrou ser sensível à luz, pH ácido e básico, e ainda a oxidantes e redutores6.

Durante o processo de cozedura, os vegetais perdem parte do teor em folato, relacionado com a lixiviação e não tanto com a destruição da vitamina. Já no caso do grão de bico enlatado, por exemplo, quando foi exposto a uma temperatura de 118ºC durante 53 minutos verificaram-se perdas de 30% de folato8.

Carência em vitamina B9

A carência em vitamina B9 constitui um problema de saúde importante em muitas partes do mundo, particularmente nos países onde existe pobreza e má nutrição.

Esta carência é uma causa importante da anemia megaloblástica , uma doença na qual a medula óssea produz glóbulos vermelhos gigantes e imaturos. Os sintomas instalam-se progressivamente e dependem da gravidade da anemia mas podem incluir: fraqueza, falta de energia, mucosas pálidas, dificuldade de concentração, irritabilidade, palpitações, falta de ar, etc1,4.

Para além da anemia, se a carência ocorrer durante a gravidez pode ter como consequência parto prematuro e/ou malformação do feto. Nas crianças, o crescimento pode ser retardado e a puberdade atrasada. Noutros casos, a deficiência de folatos tem também sido associada a sensação de boca e língua doridas e problemas neurológicos, tais como demência e depressão1,2,4.

Em doenças com uma elevada taxa de renovação celular (por exemplo cancro , certas anemias, problemas de pele), a necessidade em folatos é maior. Isto acontece também durante a gravidez e a amamentação, devido ao rápido crescimento dos tecidos durante a gravidez e às perdas através do leite durante a amamentação3.

Valor de Referência do Nutriente (VRN)1

 

 

Idade

Masculino (µg DFE/dia)

Feminino (µg DFE/dia)

Lactentes

0-6 meses*

65

65

 

7-12 meses*

80

80

1-3 anos

150

150

 

4-8 anos

200

200

 

9-13 anos

300

300

Adolescentes

14-18 anos

400

400

Adultos

19 anos ou mais

400

400

Grávidas

A partir dos 14 anos

-

600

Mulheres a amamentar

A partir dos 14 anos

-

500

*IA: ingestão adequada: não existem estudos que permitam estabelecer o VRN, mas estes valores garantem uma nutrição adequada.

O DFE (Dietary Folate Equivalents) reflete a maior biodisponibilidade do ácido fólico sintético presente nos suplementos e alimentos enriquecidos comparado com os folatos que existem naturalmente nos alimentos3.

  • 1 µg de DFE corresponde a 1 µg de folatos na comida1.
  • 1µg de DFE corresponde a 0,6µg de ácido fólico em alimentos enriquecidos ou suplementos ingeridos com a refeição1.
  • 1µg de DFE corresponde a 0,5µg de ácido fólico em suplementos, tomados com o estômago vazio1.

Utilidade terapêutica

A necessidade de ácido fólico aumenta durante a gravidez devido à rápida divisão celular no feto e ao aumento das perdas urinárias. Uma vez que o tubo neural fecha ao 28º dia de gravidez, altura em que muitas mulheres ainda não sabem que estão grávidas, a suplementação com ácido fólico após o primeiro mês de gravidez poderá não impedir a ocorrência de defeitos do tubo neural , no entanto é benéfica para outros aspetos da saúde da mãe e do feto9.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda a suplementação diária oral de ácido fólico (0,4mg) juntamente com ferro no período pré-natal para reduzir o risco de baixo peso no nascimento, anemia materna e deficiência em ferro. Deve ser utilizado durante todo o período de gestação e iniciada o mais cedo possível9.

Precauções

Não existem efeitos adversos associados à ingestão de folatos em excesso na comida. No entanto, doses muito altas de ácido fólico associadas a suplementação podem causar reações cutâneas, confusão, perda de apetite, náuseas, problemas de estômago e alterações do sono4.

A suplementação desta vitamina está contra-indicada em doentes com patologias tumorais e com anemia causada por carência em vitamina B126.

Alguns fármacos podem diminuir os níveis de vitamina B9 no organismo, como é o caso dos antagonistas dos recetores H2 ( cimetidina , famotidina e ranitidina ), antiácidos, inibidores da bomba de protões ( esomeprazol , omeprazol , rabeprazol e lansoprazol ), anti-inflamatórios não esteróides (AINEs) como o ibuprofeno e o naproxeno , e ainda a colestiramina , sulfassalazina e trimetoprim 1,4.

Por outro lado, o ácido fólico pode aumentar os níveis sanguíneos do fluorouracilo e da capecitabina , e diminuir a eficácia da pirimetamina , bem como a absorção dos antibióticos pertencentes à classe das tetraciclinas4.

Em relação ao metotrexato , quando utilizado nos casos de psoríase ou artrite reumatóide reduz os níveis de vitamina B9 e por isso pode ser indicada suplementação desta vitamina, que ajudará também a diminuir os efeitos adversos da medicação. Quando utilizado em casos de cancro a vitamina B9 pode alterar o efeito do metotrexato 1,4.

Os fármacos antiepiléticos como a fenitoína , carbamazepina e valproato podem reduzir os níveis sanguíneos de folatos e vice-versa11,4.

Sabe-se que o álcool afeta a absorção e o metabolismo dos folatos, diminuindo assim os níveis de vitamina B9 no organismo1.

A vitamina C limita a degradação dos folatos no estômago aumentando a sua biodisponibilidade . Assim, ingerir vitamina B9 juntamente com vitamina C torna-se mais benéfico3.

    • 1935-1939 – Descoberta dos folatos.
    • 1941 – Percebe-se que não se trata de uma única substância mas de compostos muito semelhantes, cujo substrato se denomina ácido fólico porque é abundante nas folhas de certos vegetais. Os compostos denominam-se folatos ou vitamina B9.
    • 1945 – Determinação da estrutura do ácido fólico e síntese. T. Spies demonstra que o ácido fólico é capaz de curar a anemia megaloblástica .
    • 1962 – V. Herbert submete-se a um regime alimentar com carência de folatos e observa os sintomas, o que lhe demonstra os critérios de diagnóstico para a carência em ácido fólico.
    • 1976 – Nas regiões mais desfavoráveis da Grã-Bretanha, percebe-se que as mulheres que tiveram crianças com deficiências no tubo neural tinham níveis de folato particularmente baixos no início da gravidez.
    • 1983 – C.E.Butterworth descreve a intervenção do ácido fólico na prevenção do cancro do colo do útero.
      1. https://ods.od.nih.gov/factsheets/Folate - National Institutes of Health. 2016
      2. https://www.nlm.nih.gov/medlineplus/ency/article/002408.htm - Medline Plus. 2015
      3. http://lpi.oregonstate.edu/mic/vitamins/folate - Linus Pauling Institute. 2014
      4. http://umm.edu/health/medical/altmed/supplement/vitamin-b9-folic-acid - University of Maryland Medical Center. 2015
      5. Regulamento (UE) N.º 432/2012 da Comissão, de 16 de Maio de 2012
      6. Le Grusse, J.; Watier, B., Les vitamines – Données Biochimiques, nutritionneles et cliniques. Centre D'Etude et D'Information sur les Vitamines.1993. pags. 233-253
      7. Gerald F. Combs, Jr. The Vitamins Fundamental aspects in nutrition and health. Third edition. Elsevier AP. 2008
      8. O'Leary, K., Sheehy, P. J. A. Effects of Preparation and Cooking of Folic Acid-Fortified Foods on the Availability of Folic Acid in a Folate Depletion/Repletion Rat Model. J. Agric. Food Chem. 2001, 49, 4508-4512
      9. http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/77770/9/9789248501999_por.pdf?ua=1&ua=1 Suplementação diária de ferro e ácido fólico em gestantes Organização Mundial de Saúde. 2013

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